sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Autoritarismo na Venezuela é alerta para o Brasil

Tucanos dizem que PNDH-3 pode ser armadilha para a democracia

Paula Sholl
  
Deputado Urzeni Rocha (RR)
Brasília (26) - A retirada do ar de seis canais de TV a cabo esta semana na Venezuela é mais um alerta, para o Brasil e para os defensores da democracia, de que algo precisa ser feito para que o comportamento autoritário do presidente Hugo Chávez não se espalhe por outros países do continente. A avaliação foi feita nesta terça-feira por parlamentares do PSDB.
Para eles, a crise no país vizinho é um exemplo do que pode acontecer no Brasil caso o governo Lula insista e consiga criar mecanismos de controle da mídia e de outros que preveem o avanço do Estado sobre o agronegócio, a Igreja e as empresas e que estão embutidos no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3).
Hugo Chávez decidiu retirar as emissoras do ar porque, segundo sua avaliação pessoal, elas teriam desrespeitado um decreto que as equipara às redes de TV abertas, canais que são obrigados a transmitir os discursos do presidente. Como não o fizeram, foram censuradas.
O episódio é considerado o mais novo ataque de Chávez à liberdade de atuação das empresas de comunicação no país. Além disso, o governo já expropriou uma rede de supermercados, um complexo hoteleiro e dezenas de empresas em vários setores da economia.
O PNDH-3 condiciona a outorga ou renovação das licenças para o funcionamento das TVs "ao respeito aos direitos humanos". O Plano também cria um ranking de emissoras comprometidas com o tema. Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), as propostas significam "ranço autoritário".
O senador Eduardo Azeredo (MG) disse nesta terça-feira que o assunto vai prevalecer na sabatina do novo indicado pelo Brasil para assumir a embaixada em Caracas, José Antônio Marcondes de Carvalho. Ele será ouvido no próximo dia 11 na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que é presidida pelo parlamentar tucano.
"Precisamos saber dele como o Brasil pretende reagir à escalada autoritária na Venezuela. O Itamaraty continuará passivo diante do que se vê no país?", indaga Azeredo.
Para o deputado Urzeni Rocha (RR), o Congresso Nacional e os partidos que apóiam a democracia, como o PSDB, precisam se contrapor ao autoritarismo vigente em países da América Latina, como a Venezuela, o Equador e a Bolívia. Segundo o deputado, iniciativas contidas no PNDH-3 proposto pelo presidente Lula colocam o Brasil na rota antidemocrática sobre a qual percorrem hoje os países vizinhos, Venezuela à frente.
"O contexto regional é grave e exige alerta máximo dos que se opõem ao autoritarismo. Essa onda de cerceamento e controle chegou ao Brasil na forma do PNDH-3, um projeto que precisa ser combatido pela sociedade e pelas instituições democráticas como o Congresso Nacional e a Justiça", afirmou Rocha.
Para o deputado, o Plano "é uma afronta à sociedade. "Levamos anos para fortalecer a democracia no Brasil. Uma conquista do povo que o PT agora quer acabar. Se não tomarmos cuidado, teremos o mesmo destino que os venezuelanos", alertou Rocha.

fonte: (pendendo)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um pouco de história...

A HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
por José Maria Nóbrega – cientista político


Como entender a corrupção e o nepotismo que tanto assola a política brasileira? Como explicar que as instituições em sua formalidade são insuficientes como molduras para a ação dos atores políticos dentro dessas instituições? O Brasil formal se reflete no Brasil real? A cultura e a história são fatores determinantes ou importantes na condução histórica das instituições políticas brasileiras? Por que os partidos políticos no Brasil são frágeis? Estes são alguns questionamentos que vamos procurar debater no curso sobre a História Política do Brasil Contemporâneo o qual irei ministrar no Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco, no próximo dia 18 de janeiro.

Essa história tem início com a República Velha, onde as reformas introduzidas no Estado brasileiro com a Constituição Federativa de 1891 produziram a descentralização do poder político, o que inverteu o desenho institucional centralizado do período imperial. A República Velha, que já nascera caduca, foi uma investida dos militares em conjunto com as elites rurais de São Paulo e Minas Gerais. Naquele período da história brasileira as desavenças dos civis com os militares conduziram a momentos de forte instabilidade política no país. Foi na República Velha que os militares começaram a demandar poder político em nossa história.

Com a quase inexistência de partidos políticos, praticamente resumidos aos partidos republicanos dos estados, a vida político-partidária brasileira era dominada pelas oligarquias locais. Estas, em conjunto com o apoio do governo central, se articulavam para garantir a vitória da situação nos municípios. O controle do voto estava totalmente dominado pelas Câmaras Municipais e pelos coronéis que tinham a última voz para a efetivação do pleito, em amplo acordo com o poder central. O que imperava era a fraude e a violência aos dissidentes do regime. Um jogo oligárquico entre São Paulo e Minas Gerais.

Os partidos políticos eram extremamente frágeis, sem representatividade. A sociedade ex-escravocata, ainda mantinha em sua ossatura uma estrutura eleitoral extremamente elitista, onde a maioria estava completamente fora da disputa por representação (até 1930 os eleitores não passavam de 5% da população brasileira). A escolha dos governantes era feita por uma elite política local que escolhia uma elite mais filtrada ainda a nível nacional.

Contudo, mesmo no âmbito da elite houve uma ruptura drástica com o antigo regime (República Velha). Este regime foi suplantado às novas demandas pelo poder e ao fracasso das políticas econômicas que tinham o intuito de manter o preço do café controlado. Na nova demanda pelo poder, o Rio Grande do Sul já vinha se destacando como um ator político importante no âmbito do poder político oligárquico nacional. Nem São Paulo, nem Minas Gerais, sobretudo depois do fracasso dos planos econômicos antiliberais de controle do preço do café, conseguiram manter o status quo da estrutura política oligárquica conhecida como Café-com-Leite.

Mesmo assim, a existência de partidos políticos era frágil. O surgimento de movimentos importantes tais como: o tenentismo, coluna Prestes, a fundação do Partido Comunista Brasileiro e o Anarcossindicalismo; não foram suficientes para angariar apoio da sociedade brasileira. Esta ainda muito incipiente numa vida de participação política mais sofisticada. A maioria da população do país permanecia oculta nos grilhões das cidades interioranas, principalmente naquelas onde a força do coronelismo era cabal.

Veio Getúlio Vargas e a Revolução de 1930. A primeira movimentação de destaque da iniciante classe média brasileira. Vargas passou a introduzir uma dinâmica nova, recentralizando o poder nas mãos do governo federal e intitulando um viés fascista na sua forma de conduzir a frágil República brasileira. A globalização do autoritarismo europeu fortaleceu seu ideal patriarcal, levando o país ao Estado Novo. Entre 1930 e 1945 o Brasil praticamente não teve vida político-partidária. Os partidos políticos passaram a ter alguma representatividade a partir do surgimento, pela primeira vez na história do Brasil, da democracia política.

Esta democracia levou à introdução da vida político-partidária nacional. Os partidos conservadores como o PSD (Partido da Social Democracia), a UDN (União Democrática Nacional) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro – criado por Getúlio), em paralelo ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) como o partido de contradição; levaram o país a uma vida partidária mais estimulante. Contudo, isso não foi suficiente para acabar com os currais eleitorais e o coronelismo.

O controle das eleições, apesar de reformas eleitorais importantes e a introdução do voto secreto desde 1932 e o voto feminino desde 1934, com a criação de mecanismos institucionais de controle mais robustos, na formalidade mostravam alguma consistência e transparência, mas a realidade era outra. O controle do voto nas regiões mais pobres do país se manteve. E o voto no PSD ou UDN, PTB e mesmo no PCB, não era uma questão de ideologia e de ligação do eleitor com as propostas dos partidos. A vertente continuava elitista, o controle sobre a população, sobretudo a mais pobre, se manteve. Não houve um partido político que nascera, realmente, das demandas socioeconômicas da sociedade brasileira.

A UDN, partido mais localizado à direita do espectro político, fazia de tudo para se manter na “crista da onda” do poder político. Mantinha seu domínio no Brasil subdesenvolvido que era superior territorialmente ao Brasil desenvolvido. Com a influência comunista nos grandes centros urbanos do Brasil desenvolvido e os movimentos na América Latina que levou Cuba a se tornar o primeiro país sob o domínio de revolucionários marxistas no continente, fez com que a elite brasileira ficasse temerosa de um possível sucesso da esquerda nacional. A conjuntura internacional da Guerra-Fria e a fragilidade dos partidos políticos e dos atores políticos brasileiros, facilitaram o Golpe de 1964.

A incipiente vida partidária brasileira sofrera um grande golpe. Uma interrupção que fez asfixiar a pequena vida democrática eleitoral do Brasil contemporâneo. O regime autoritário, sobre o domínio dos militares – sempre presentes na vida política nacional -, construiu um mecanismo eleitoral esdrúxulo com dois partidos políticos: a ARENA, partido de sustentação do governo, e o MDB, a dita oposição consentida. Tudo isso, no intuito de criar uma legitimidade junto à sociedade civil brasileira. Legitimidade esta que nunca se consolidou.

As diversas reformas eleitorais produzidas pelos militares, além das imposições institucionais, como foi o Ato Institucional de Número cinco – que dava prerrogativas ilimitadas ao governo, inclusive fechando o Congresso ao seu bel prazer -, fizeram com que o MDB malograsse em algumas disputas eleitorais. A Lei Falcão – que regulava a propaganda partidária, prejudicando a oposição e facilitando a vida do governo -, o Pacote de Abril – que, dentre outras coisas, manteve o Senado com maioria pró-governo com a introdução dos senadores biônicos -, foram mecanismos de pressão da cúpula militar em se manter no poder.

O regime não resistiu ao fracasso econômico e a falta constante de legitimidade perante a sociedade civil. A resistência política foi reprimida e também praticou atos violentos contra inocentes. A vida partidária ficou limitada mais uma vez e a história política brasileira perdeu impulso. A violência mais uma vez venceu a dinâmica democrática das discussões políticas entre visões antagônicas.

A transição negociada entre a elite civil e militar levou ao governo um político moderado, de Minas Gerais, Tancredo Neves fora o equilíbrio do jogo. A redemocratização veio sem eleições diretas, já que a emenda Dante de Oliveira não ultrapassou a ala conservadora do Congresso Nacional. Esta a instituição mais conservadora entre as instituições políticas do Estado brasileiro.

Neste jogo, ressurge a vida partidária brasileira. PT, PMDB, PFL, PSDB, PDT, PTB, PC do B, dentre outros, fizeram da primeira eleição para presidente da Republica, em 1989, depois de mais de 25 anos, um movimento de êxtase para todos os brasileiros que não viam à hora de poder escolher seus governantes e representantes parlamentares. Ainda assim, os partidos políticos, à exceção do PT, continuavam nascendo fora do âmbito da sociedade civil organizada.

Os militares saíram do governo, mas se mantiveram no poder. Em toda a história republicana que configura o Brasil contemporâneo, os militares demandam poder político. Desde a República Velha, ou República dos Marechais, até o caso recente do Plano Nacional de Direitos Humanos – que vem colocando o governo em xeque num momento decisivo eleitoralmente -, os militares se mantém no poder e demandam suas prerrogativas em várias instâncias da vida política nacional. A transição tutelada em 1985 foi um grande acordo entre as elites nacionais e a Lei de Anistia, que a antecedeu, foi outro grande acordo que blindou possíveis julgamentos dos antigos governantes e seus representantes institucionais.

Com tudo isso, a vida partidária brasileira ainda mostra incipiência em sua essência. Veio o regime democrático (uma democracia contestatória no movimento partidário), mas os entulhos do autoritarismo foram mantidos. A vida partidária não reflete os reais anseios da sociedade e a corrupção, o nepotismo, o patrimonialismo e o jeito antigo de se fazer política, ainda são encontrados fortemente na conjuntura política do nosso país, sobretudo no Norte e no Nordeste, regiões que ainda não se desenvolveram suficientemente para o debate político de alto nível.

O curso de História Política do Brasil Contemporâneo, além de abordar vários temas, terá o intuito de fundar um movimento importante na sociedade pernambucana que é discutir, sem ideologias e paixões, a trajetória histórica de nossa vida política e partidária. É um “ponta pé” inicial de um projeto maior, o de produzir uma obra, um conjunto de textos sobre a história política do Brasil tendo como foco a vida política, a trajetória histórica de nossas instituições políticas e o comportamento dos principais atores políticos que fizeram parte dessa difícil trajetória. Ou seja, é o momento de reescrevermos essa história.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Canal Livre Teotonio Vilela



Parte final do programa Canal Livre com o Senador Teotonio Vilela, então lutando contra o câncer. Nos bons tempos em que achávamos que com as eleições conseguiríamos mudar esse país. TV Bandeirantes, outubro de 1982.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

História Política do Brasil Contemporâneo

O ITVPE apresenta o primeiro Curso de 2010: História Política do Brasil Contemporâneo.



 
Você já pode fazer sua inscrição gratuita através do email  itvpernambuco@gmail.com ou do telefone 3423-8771. 



Clique para ampliar a imagem.

Fonte: Pauta em ponto

Por que o PT não deixa o trabalhador lucrar com o pré-sal?

O governo do Partido dos Trabalhadores passou os últimos meses distribuindo as mais diversas benesses econômicas e atendendo aos mais diferentes grupos de pressão. Beneficiou alguns segmentos empresariais com a redução momentânea de tributos; afagou a classe média, que pôde consumir algumas quinquilharias pagando um pouco menos; perdoou devastadores de florestas com o abrandamento da legislação. Mas o que não se viu foram medidas que favorecessem diretamente os trabalhadores. E não foi por falta de oportunidades.

Uma delas está associada ao pré-sal. De toda a discussão em torno da revisão das regras para exploração de petróleo no país, o ponto que interessa mais direta e imediatamente ao trabalhador é o que trata da capitalização da Petrobras. O desejo de muitos é, dentro desta operação, poder usar recursos do FGTS para investir em ações da empresa – 2,11% do capital da companhia está nas mãos de cotistas do fundo. Mas o governo do Partido dos Trabalhadores não quer. Por que será?

O FGTS é constituído por depósitos compulsórios feitos mensalmente pelos empregadores em contas vinculadas de cada um dos 32 milhões de brasileiros que dispõem de carteira assinada. Equivalem a 8% do rendimento, ou seja, praticamente um salário a cada ano. As contas são remuneradas a juros de 3% ao ano mais TR, a taxa de referência arbitrada pelo Banco Central para corrigir valores.

Ocorre que a soma dos 3% mais TR não tem sido suficiente sequer para fazer frente à inflação. Em sete dos dez últimos anos, a remuneração do FGTS perdeu para a escalada dos preços. Resultado: esta poupança, compulsória, do trabalhador foi corroída, encolheu, passou a valer menos. Mas, mesmo assim, o dono do dinheiro não pode dispor dele para evitar perdas. Por isso, o senador tucano Tasso Jereissati tem projeto em tramitação no Congresso para trocar a TR pelo IPCA, de forma a pelo menos assegurar ganhos acima da inflação para os cotistas do FGTS.

Em 2009 o trabalhador foi especialmente prejudicado: o rendimento do FGTS foi o menor em 43 anos, ou seja, desde que o fundo foi criado, em 1966. A correção aplicada às contas ficou 0,32% abaixo da inflação do ano passado, considerando o acumulado nos 12 meses até novembro, e não passou da metade do que rendeu, por exemplo, a conservadora caderneta de poupança. Ao longo da década, a defasagem atinge 30%.

Quando transformados em moeda sonante, tais perdas revelam-se uma montanha de dinheiro. Apenas em 2009 os trabalhadores deixaram de ter R$ 9,86 bilhões creditados em suas contas em razão da diferença entre a correção paga pelo governo e a inflação registrada. Quando se consideram os últimos sete anos, a corrosão do FGTS é ainda mais assombrosa: R$ 55,7 bilhões, de acordo com estimativas da ONG FGTS Fácil.

É esta situação que faz com que a maioria dos que dispõem de contas de FGTS queira aplicar seus recursos em opções mais rentáveis. Até hoje isso só foi possível em duas ocasiões: em agosto de 2000 e abril de 2002, quando o governo Fernando Henrique permitiu que os trabalhadores usassem seu dinheiro para comprar ações da Petrobras e da Vale, respectivamente. Ninguém que tenha participado daquelas duas operações tem motivos para se queixar.

Desde 2000, as ações da Petrobras já se valorizaram perto de 900%. Cerca de 310 mil trabalhadores, ou seja, muito poucos, tiveram a felicidade de desfrutar de tal ganho. O dinheiro que continuou no FGTS rendeu, no mesmo período, 61%. Já na operação de venda dos papéis da Vale o interesse dos cotistas foi bem maior. 728 mil aderiram e também não tiveram do que se arrepender: o rendimento nestes quase oito ano beira 1.000%, para uma correção acumulada pelo FGTS de 49%.

O governo do PT alega que permitir o uso do FGTS pelos trabalhadores na capitalização da Petrobras – que pode movimentar até R$ 50 bilhões – fragilizaria a capacidade de financiamento a juro baixo que o fundo possibilita, por exemplo, para a habitação e o saneamento. Mas não faz as mesmas ressalvas à aplicação das reservas em fundos FI-FGTS, nos quais, a partir deste ano, será permitido aos cotistas investir até 30% de suas poupanças.

Criado para financiar projetos de infraestrutura atrelados ao PAC, o FI-FGTS investe em ações e debêntures de empresas, inclusive privadas. Gerido pela Caixa, o fundo de investimento teve seu desempenho em 2008 alvo de ressalvas por parte da Controladoria Geral da União. Curiosamente, para o governo do PT o trabalhador não pode pôr suas economias numa empresa de solidez incontestável como a Petrobras, mas pode arriscar-se em financiar um programa que é pouco mais do que miragem e, indiretamente, em investir em firmas que quase ninguém sabe o que são ou o que fazem, como a Epesa ou a Alupar – cujos papéis integram o portfólio do FI-FGTS.

Não são muitos os acionistas que dispõem de recursos livres para aportar na bilionária capitalização da Petrobras. Para a maioria dos trabalhadores, o FGTS é uma das raras alternativas de participar diretamente dos ganhos do pré-sal. Para os cotistas que já têm ações da companhia, o veto imposto pelo governo petista é duplamente danoso: caso não participem da operação, verão sua fatia no capital da empresa diluir-se e os ganhos em forma de dividendos reduzirem-se.

Parece claro que o PT optou por repartir o lucro do pré-sal entre poucos, na sua velha estratégia de rifar o futuro do país em seu balcão de negócios.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Fonte: Pauta em Ponto

O PAC da mentira e o PAC de verdade

Neste mês, o Programa de Aceleração do Crescimento completa três anos. Mas não há muito a comemorar: desde que lançou o PAC, o governo do PT não conseguiu liberar nem metade do previsto no Orçamento e aplicou menos que 5% do que anuncia em sua publicidade oficial. É irrisória a capacidade da atual gestão para investir em obras e melhoria do bem-estar da população brasileira.

Na propaganda, o governo alardeia que os recursos do PAC atingem R$ 643 bilhões; se somados os empreendimentos privados, o valor sobe para R$ 1,1 trilhão. Mas basta consultar os números do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), do Ministério do Planejamento, para constatar que, entre 2007 e 2009, a União só conseguiu repassar R$ 30,7 bilhões para o programa (4,7% do total).

Ou seja, se quiser cumprir sua meta, o governo Lula precisará gastar R$ 612,3 bilhões neste ano, o que equivale a mais de 20 vezes o que prevê o Orçamento da União para 2010 (os R$ 29,8 bilhões turbinados nas votações congressuais de dezembro). É fácil perceber que, do alto dos palanques, dona Dilma não poderá se gabar de ter bem gerido o PAC. A menos, claro, que queira contar mentirinhas para seus eleitores. Será?

O PAC é um fiasco. Em 2009, teve R$ 16,6 bilhões disponibilizados no Orçamento Geral da União. Somado aos restos a pagar (valores que não foram executados nos dois anos anteriores), o valor chegou a R$ 27,4 bilhões, uma cifra pra lá de suculenta. Mas quanto desse valor foi efetivamente aplicado em obras estruturantes, como estradas, casas populares ou hospitais? Fechado o ano, nada mais que R$ 7,14 bilhões – ou meros 26% do total. A conclusão inevitável é que o governo do PT, mesmo com verba disponível, não consegue utilizar o que tem.

A ONG Contas Abertas mostrou que, das 12.520 obras e ações do PAC, apenas 1.229 foram concluídas nestes quase três anos. Dá menos de 10%. Mas bem pior é constatar que 7.715 projetos sequer saíram do papel, por estarem “em contratação”, “em ação preparatória” ou “em licitação”.

O governo contesta os números, e diz que 33% do PAC está pronto. Ok! Se assim for, e uma vez mantido o ritmo atual, seria preciso mais seis anos para terminar o que está no programa. Santa incompetência! O que esta gente está esperando para começar a fazer alguma coisa?

É a dura realidade jogando por terra o marketing petista: o fato evidente é que o PAC até agora é um ir e vir de movimentação de brita, cimento e areia, sem que se chegue a lugar algum. É caminhão prá lá, tratorzinho pra cá. Alguém aí é capaz de citar uma grande obra do PAC con-clu-í-da? (Não valem aquelas que já estavam em andamento no fim de 2006 e, espertamente, foram postas para dentro do programa.)

As razões para esse descalabro administrativo são muitas. Entre elas estão a falta de projetos, excesso de burocracia e inchaço da máquina pública. (Os impostos que nós pagamos têm sido gastos para pagar salários cada vez mais altos para o funcionalismo: as despesas com salários e encargos no ano passado foram 13 vezes maiores do que os pífios investimentos federais.)

Mas o governo petista sempre vai tentar achar bodes expiatórios. Está no sangue. Um destes Judas de Sábado de Aleluia é o pobre do Tribunal de Contas da União (TCU), que só teve condições de fiscalizar 4% das obras do PAC e só pediu a suspensão de 0,5% delas, conforme mostrou a Folha de S. Paulo em novembro. Mas é tido como “o culpado” pelo programa não andar.

A pá de cal no blábláblá do PT veio de outro levantamento do Contas Abertas. Nos sete primeiros anos do governo Fernando Henrique, excluídas as estatais, foram gastos R$ 150 bilhões em investimentos, em valores atualizados pela inflação. Na gestão Lula, foram R$ 127 bilhões. Ou seja, em investimentos exclusivos da União a diferença a favor dos tucanos é de R$ 23 bilhões.

Isto mesmo, senhoras e senhores: sem PAC e com menos dinheiro disponível (afinal, à época a arrecadação não decolava ao ritmo de bonança econômica), a gestão do PSDB investiu muito mais do que a do PT. A história se repete: o tigre que ruge alto é de papel. Ou, para ficar nas canções de ninar, a tal competência administrativa e gerencial de dona Dilma e companhia é vidro... e vai se quebrar este ano. Feliz 2010!