Muito se tem falado sobre o caráter plebiscitário das próximas eleições. Nossos adversários passam a ideia de que o PSDB não resistiria a uma comparação.
Ledo engano. O PSDB deu uma contribuição inquestionável à democracia, à estabilização da economia e ao combate à miséria. Há um inegável traço de coerência em sua prática. O mesmo não é possível dizer do PT.
Se tomarmos como parâmetro a busca da democracia e do desenvolvimento, veremos posturas opostas.
A começar pela transição democrática. Após a derrota das eleições diretas para presidente, em 1984, as forças democráticas alinhavaram a candidatura de Tancredo Neves contra o autoritarismo. Em janeiro de 1985, Tancredo vence, em nome da democracia, com os votos dos futuros membros do PSDB. O PT se omite, não comparece e expulsa três deputados apoiaram Tancredo.
Logo à frente conquistamos a sonhada Constituinte soberana. A nova Constituição consolidou a democracia e introduziu conquistas como o SUS e o seguro-desemprego. Ulysses Guimarães chamou-a de "Constituição cidadã". Os tucanos votaram a favor, os petistas se negaram a assiná-la.
Veio a crise do afastamento de Collor. Diante da ameaça de retrocesso, o PSDB aceitou a convocação do presidente Itamar Franco para integrar o governo de união nacional. O PT, preso a cálculos oportunistas, se negou a participar.
A inflação e a instabilidade ameaçavam corroer o país. O PSDB apoiou o Plano Real, o Proer, a privatização dos bancos estaduais, a responsabilidade fiscal, a renegociação das dívidas dos Estados, a abertura externa. Tudo isso foi essencial para o Brasil ser hoje o que é. O PT trabalhou e votou contra todas essas medidas.
Era necessária uma profunda reforma no papel do Estado brasileiro. A privatização da Vale, do setor siderúrgico, da Embraer, foram essenciais para o dinamismo das exportações, para a modernização da economia, para o equilíbrio externo e o crescimento. Se não fosse a privatização das telecomunicações estaríamos na idade da pedra na transmissão de dados e voz, elemento chave na vida contemporânea. Mais uma vez: PSDB a favor, PT ativa e radicalmente contra.
O PT sempre defendeu que era preciso "mudar tudo o que aí estava". No poder, sem autocrítica pública, adotou os fundamentos da política econômica do PSDB.
Como podemos ver, uma avaliação precisa e isenta da história recente do país ainda está por ser feita. Quem verdadeiramente defendeu a democracia e o desenvolvimento? Quem foi coerente e quem rasgou velhas bandeiras?
Em 2010, discutiremos o futuro. Mas se enganam aqueles que querem criar um ambiente de intimidação política e ideológica, imaginando que o PSDB será frágil na defesa de seu patrimônio político.
Podem alguns não gostarem, mas o PSDB foi ator central na construção da democracia e na estabilização da economia.
Marcus Pestana é deputado estadual PSDB/MG
Fonte: O Tempo
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