domingo, 19 de julho de 2009

Ideologia só serve quando útil

Por José Maria Nóbrega Júnior – cientista político
Nóbrega.jr.ufpe@gmail.com

O que vem acontecendo no Senado e as atitudes do Presidente Lula, demonstram que a ideologia passa a ser apenas um recurso utilizado quando serve para interesses eleitoreiros. Quando Joseph Schumpeter, em sua crítica a teoria clássica da democracia rousseauniana, advertiu que a mesma nada mais era que uma fraseologia utilizada por políticos demagogos que tinham como interesse, na verdade, atrelar votos a sua pretensão de vencer eleições, estava totalmente correto.

Boa parte dos políticos utiliza a estratégia maquiavélica para almejar seus fins. Se a ideologia socialista, moralista, ética for interessante para alcançar dividendos eleitorais, ótimo! Mas, se para manter o poder, ou alcançar a vitória em um pleito eleitoral, for necessário utilizar de mecanismos exclusos para tal fim, por que não? É o que se observa nas ações do “grande guia”. O PT e os petistas fazem o que Lula quer. Se for para apoiar o atraso na política no intuito de vencer eleições, se faça! Não medir esforços para manter o Sarney na presidência do Senado, abraçar e acariciar Fernando Collor, fazer discursos elogiando Renan Calheiros - todos estes políticos que representam o atraso regional da política coronelista e retrógrada que reporta a períodos da República Velha -, qual o mal nisso? O que importa é vencer as eleições e manter o “projeto” de governar o país com o discurso da dita “governabilidade”.

O Lula se diz corintiano, mas se for vantagem eleitoral mudar de time, virar palmeirense, por exemplo, não duvido nada que o faça! O PT perdeu sua identidade, se é que um dia teve, e vem mantendo uma política de alinhamento ao “grande guia” que mais lembra o Partido Nacional Socialista Alemão (isso mesmo, o NAZI!), onde nenhum membro do partido pode ir de encontro ao que o líder aponta como certo, pois certamente será punido!

Por isso, devemos ficar atentos! Ideologia no Brasil só serve quando é útil, ou seja, quando ajuda no discurso eleitoral. Esquerda ou direita, centro-direita, centro-esquerda, tudo isso perdeu a razão de ser para um pragmatismo pelo poder, sem levar em consideração o bem comum (que é difícil de ser definido) e o respeito à democracia.

Nenhum comentário: