segunda-feira, 8 de junho de 2009

Artigo - Os gastos da União: o governo federal e seu pequeno poder orçamentário

José Maria Nóbrega – Cientista Político


Qual o poder de manobra do governo federal em torno dos gastos públicos do orçamento da União? Como são executados os gastos do orçamento da União? Qual o real impacto das bancadas regionais nos investimentos/gastos que advém da União? Todas estas perguntas devem ser respondidas antes de averiguarmos como os governos gastam/investem. É impressionante como o governo federal tem pouca margem de manobra em relação aos gastos/investimentos. Por outro lado, é nebulosa a relação do governo com as empresas estatais e privadas.


Em matéria publicada na Veja desta semana, dia 10 de junho, intitulada “Ele existe, é bom que exista, mas a maior parte ainda está no papel”, assinada por Fábio Portela, que trata do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), diz que o governo federal pouco fez em relação aos investimentos estipulados pelo programa. Os jornalistas, que investigaram durante três meses os dados dos investimentos feitos no plano, concluíram que “a parcela do PAC efetivamente paga pelo governo é minúscula” (Portela, 2009: 100). Que “em dois anos e meio, o governo desembolsou, por meio do Orçamento da União, apenas 22,5 bilhões de reais, ou 3,5% do total” dos 646 bilhões de reais que deveriam ser gastos (idem, 2009: 101). Ainda apontaram que “números obtidos junto à Casa Civil mostram que, do total de dinheiro anunciado para o programa, apenas 14% saem diretamente do Tesouro. Quem ficou responsável pela maioria das ações, de fato, foram as empresas estatais – em especial a Petrobrás -, os governos estaduais e municipais, que tomam financiamento no BNDES e na Caixa Econômica Federal, e a iniciativa privada” (ibidem, 2009: 101). Os repórteres da Veja ainda constataram que as ações do PAC seguem em marcha muito lenta àquela propagandeada pelo marketing do governo. Os investimentos: 14% dos investimentos/gastos são do governo federal, 35,5% vem das estatais, 32,5% dos financiamentos dos bancos estatais e 18% da iniciativa privada.


Como exemplo dos gastos/investimentos do governo federal com o PAC em Pernambuco, destaco o caso do Porto de Suape. Dos 240 milhões anunciados pelo governo para serem investidos na construção de novo cais e dragagem do canal de acesso, apenas 32,3 milhões, ou seja, 13,5%, foi investido desde o início do plano em 2007. Segundo a Veja, com o andar desses investimentos será preciso treze anos para a conclusão do projeto que fora prometido para ser entregue no ano que vem.


Como entender isto? Há mais propaganda que efetividade das promessas por parte do governo? Como foi colocado nos questionamentos introdutórios deste artigo, há muito a entender sobre os gastos públicos da União, inclusive no âmbito da relação entre o Executivo e o Legislativo e destes com as bancadas nos estados da federação – o que efetivamente não cabe neste espaço. Não obstante, sugiro a leitura da obra de Figueiredo e Limongi (2008), cientistas políticos, intitulada “Política Orçamentária no Presidencialismo de Coalizão”, Ed. FGV, que trabalham em cima desta temática.


Segundo estes autores, “no Brasil, os gastos públicos compulsórios – aqueles garantidos constitucionalmente ou legalmente – limitam fortemente as escolhas realizadas a cada ano. O país sofre, por outro lado, pesadas restrições de ordem macroeconômica, ditadas tanto pela necessidade de cumprir contratos firmados pelo governo com credores externos e internos, quanto por compromissos financeiros decorrentes de medidas de sustentação da estabilidade monetária. A magnitude desses dois itens na composição do gasto público impõe considerável rigidez ao orçamento, reduzindo significativamente a margem de liberdade do governo. Sendo assim, são relativamente minguados os recursos disponíveis para serem alocados de modo a garantir a implementação de políticas e de investimentos para atender as demandas e necessidades da população” (Figueiredo e Limongi, 2008: 34. Negrito meu). Isto me leva a refletir sobre a necessidade do governo em buscar parcerias, inclusive com as empresas estatais e privadas. Aí não há relação de transparência, pois muito das negociatas entre governo e as estatais, bem como as empresas da iniciativa privada, ficam nos bastidores, i.e., na informalidade, não vindo a público.


Concluindo, é na rubrica investimentos que o governo tem maior poder de manobra nos gastos/investimentos públicos destinados aos seus projetos. Tais recursos são pequenos. Há vinculação legal e constitucional em quase todas as outras rubricas. O pagamento de pessoal e encargos sociais e outras despesas equivalem às despesas com pessoal e encargos sociais, juros e encargos da dívida e outras despesas correntes. Esta última refere-se aos gastos com o pagamento de benefícios da previdência social a aposentados e pensionistas do INSS e as transferências a estados e municípios, todos vinculados constitucionalmente, o que impacta decisivamente o orçamento. Os recursos são escassos, sobretudo a respeito dos altos investimentos necessários para as políticas governamentais, como o PAC o é. Pode estar ai a explicação para a baixa participação do governo federal e a necessidade de maiores recursos por outras vias. Outro ponto importante: independente de quem esteja no governo, o poder de barganha dele sobre o orçamento da União é bem limitado. Qualquer governo precisará utilizar de mecanismos fora do orçamento para arrecadar capital para seus investimentos políticos/públicos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Evento no ITV - 9 de junho, 19:00

O Instituto Teotônio Vilela - Pernambuco tem a honra de convidá-lo a participar da palestra “Transposição em grandes bacias hidrográficas: O caso da bacia do São Francisco”, ministrada pela Profª Drª Márcia G. Alcoforado de Moraes, pesquisadora do Grupo de Apoio à Gestão Integrada da UFPE, a ser realizada às 19 horas do dia nove de junho (Terça) na sede do PSDB.

Serão apresentados estudos técnicos de apoio à decisão através de modelos econômico-hidrológicos integrados, e haverá posterior debate sobre o tema.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

ITV Memória - Quinta Feira - 4 de junho com Gustavo Krause

A seção do ITV de Pernambuco promove na próxima quinta-feira (dia 4 de junho), às 19:00, na sede do PSDB - PE mais um encontro do projeto "ITV Memória", com o Ex-Ministro e Ex- Governador Gustavo Krause.  Idealizado pelo presidente do ITV/PE, o professor universitário André Regis, o projeto tem o objetivo de entrevistar figuras importantes da política brasileira. "Queremos fazer um contraponto a esse momento de desgaste da política junto à opinião pública. Vamos valorizar a política por meio de grandes exemplos e ressaltar a nobreza da atuação na vida pública", afirma Régis.

Segundo o presidente do ITV/PE, a entrevista com cada personalidade terá duração de 90 minutos e será dividida em duas partes. A primeira, conduzida pelo próprio Régis, abordará temas institucionais e as principais alterações da vida política nos últimos anos. A segunda parte será um debate entre o entrevistado e um grupo de convidados, entre eles estudantes, jornalistas e professores universitários. A idéia é que cada encontro vire um DVD e também seja veiculado pela internet. 

Encerramento do Primeiro Módulo

Foi com a presença do Deputado Federal Raul Jungmann que o primeiro módulo do Curso de Iniciação de Ciência Política do ITV Pernambuco encerrou hoje, dia 1 de Junho. As discussões englobaram o Sistema Eleitoral, Reforma Política e Questões Sociais além de uma exposição realista da situação do Congresso Nacional formulado pelo Deputado presente. 

O início do segundo módulo, previsto para ainda esse semestre, será avisado aos interessados por e-mail ou por este site. O Instituto Teotônio Vilela agradece a todos os participantes deste primeiro módulo pela dedicação e interesse. 

O Certificado de Participação será entregue posteriormente após contatos com os alunos que obtiveram a frequência exigida. 


Obrigado

Evento - Segunda Feira - 8 de junho - 19:30

O Deputado Federal Raul Jungmann convida no dia 8 de junho de 2009 (segunda-feira), na sede do PPS, às 19:30, para participar de um debate sobre a Conjuntura Internacional e a Imagem do Brasil no Mundo onde um dos convidados será, inclusive, o professor André Regis. 


Sede do PPS - PE - (fica duas casas após a sede do PSDB)
Endereço: Rua Viscondessa do Livramento, 98 - Derby
Cidade: Recife / PE CEP: 52010060
Fone(s): (81) 3421-1883